O Mestre da Picaretagem

Quem nunca teve ou conviveu com um professor picareta? É pessoal, eles existem e, infelizmente, fazem um desserviço para a nossa categoria. Confira essa história que um colega nos trouxe que nos conta sobre como não ser um profissional da educação.

HISTÓRIASCAPA

Olívia Alves

9/25/20242 min ler

Confesso que, no início da minha carreira como professor, eu era um tanto quanto ingênuo. Acreditava que a educação era uma missão nobre, que a paixão pela aprendizagem deveria ser o motor de todos os professores. Mas a vida e a experiência, como sempre, me mostrou que as coisas não são tão simples assim.

Em minha primeira escola, conheci um sujeito que se tornaria uma espécie de lenda entre os professores: o Sr. Silva. Ele era um veterano, um sujeito de meia-idade com um sorriso cínico e uma habilidade ímpar para se esquivar de qualquer tipo de trabalho. Era o que todos os colegas de profissão chamam, nos bastidores, de "picareta".

Um dia, durante uma conversa informal na sala dos professores, o Sr. Silva me confidenciou algo que me deixou perplexo. Enquanto eu me lamentava sobre a quantidade de provas para corrigir, ele soltou uma gargalhada e disse: "Corrigir prova? Isso é para os fracos! Eu tenho um método muito mais eficiente."

Intrigado, pedi para ele me explicar. E foi aí que ele revelou o seu maior segredo: a história do carro roubado. Segundo ele, de tempos em tempos, quando a carga de trabalho se tornava insuportável, ele simplesmente inventava uma história de que seu carro havia sido roubado, e junto com ele, todas as provas e trabalhos dos alunos.

"A coordenação fica desesperada, claro. Mas e daí? Eu falo para ela que o único jeito é aprovar todo mundo. É a lei do menor esforço, meu amigo!"

Confesso que, no momento, achei a ideia absurda. Mas com o passar do tempo, fui percebendo que o Sr. Silva não estava sozinho. Vários outros professores utilizavam estratégias semelhantes para aliviar a carga de trabalho.

É claro que eu nunca adotei esse tipo de comportamento. Mas a história do Sr. Silva me serviu como um lembrete de que, infelizmente, nem todos os professores têm a mesma dedicação e ética profissional. E que, por mais que eu quisesse acreditar no contrário, a picaretagem estava mais presente no mundo da educação do que eu imaginava.

Com o tempo, aprendi a lidar com a burocracia e a carga de trabalho de uma forma mais saudável. Mas a história do Sr. Silva continua sendo uma das mais engraçadas e, ao mesmo tempo, mais chocantes que já ouvi na minha vida de professor.